As primeiras reflexões sobre o bioma e formas de conservação com a participação ativa das comunidades pantaneiras inauguraram o segundo dia do Fórum Pontes Pantaneiras. Estiveram presentes na mesa Carolina Joana da Silva, professora da Universidade Estadual de Mato Grosso; Geraldo Alves Damasceno, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul; e Walfrido Tomas, pesquisador da Embrapa Pantanal.
O cerne do debate girou em torno das ações do homem e o uso irregular do fogo e represamento da água, elementos centrais responsáveis pela biodiversidade pantaneira.
- Walfrido chama de tempestade perfeita a combinação dos efeitos em todas as escalas globais com a ação do homem no Pantanal. Para ele, os alertas sobre as mudanças climáticas e efeitos no Pantanal “são gritos para não perdermos todo o capital que temos na região. Os pantaneiros serão os mais prejudicados”.
- Geraldo Damasceno defende a manutenção do pulso de inundação do Pantanal. “Assim, conseguiremos manter o bioma. Temos monoculturas nacionais. Temos potencialidades de manejo e uma força muito grande em plantas nativas como o carandá, por exemplo. Desmatar para fazer monocultura é um crime. O desmatamento é um problema e temos que pensar em formas alternativas para usar o pantanal com o uso correto desses dois elementos que forjaram a vegetação nativa”.
Caminhos para valorização e conservação
Alguns caminhos para valorização da cultura local e reflexão sobre ação do homem para mitigar os efeitos do assoreamento, represamento e desmatamento que estão em descompasso com a segurança da biodiversidade foram apresentados.
- Carolina defende a sinergia com os povos pantaneiros para criação de uma gestão participativa que garanta a resistência do território. “Nós temos que trazer essa relevância para todos. Porque todos podem defender o bioma. Temos uma grande baía na região que secou 60%. Notamos que as pessoas do entorno não estão preparadas para o enfrentamento. Precisamos fazer uma gestão mais participativa com envolvimento de todos”.
Já, Walfrido, ele traz um olhar para experiência humana e a pecuária exercendo um peso significativo na interação do homem com o bioma. E defende que a atividade praticada de forma sustentável “precisa ser uma grande experiência de cultura humana”. E defende a criação de ações concretas para frear os efeitos da mudança climática e impactos da ação prejudicial do homem mediante a união de esforços de todos os atores da sociedade civil e ferramentas para potencializar esses debates. “Precisamos pensar em políticas públicas, na estratégia de comunicação… Tem que estar claro para todo mundo para termos uma defesa coerente [sobre a conservação do Pantanal].