Pontes Pantaneiras

Soluções e caminhos para educação no Pantanal

As reflexões sobre conservação partem também da necessidade de garantir condições mínimas para o processo educacional que respeite as histórias das tribos indígenas e garanta as condições mínimas para reduzir as desigualdades na escolarização de comunidades ribeirinhas e rurais. Seja no resgate e valorização da língua materna dos povos originários, na criação de programas de formação escolar adaptado à realidade, como também multiplicar o conhecimento da formação de professores para atuarem no território.

Patrícia Zerlotti, do Instituto Conservação de Animais Silvestres, mediou os diálogos e apresentação de experiências compartilhadas por Denise Silva, Presidente do Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural; Carolina da Silva Assis, professora da tribo indígena Kadiwéu; Sylvia Bourroul, Diretora Executiva do Instituto Acaia; Luciana Leite, fundadora da Chalana Esperança; e Dilza Alves Dantas Rodrigues e Luzia Mamoré, educadoras das Escolas Pantaneiras.

Dentre as iniciativas apresentadas, todas trazem o debate para políticas públicas e união de esforços entre governos, empresas e terceiro setor como alavanca para garantias dignas de acesso à educação pelos povos pantaneiros, hoje com acessos limitados aos equipamentos públicos também escassos na região.

  • Denise Silva, que também esteve envolvida no projeto de criação do livro escolar dedicado aos povos indígenas “Kalivono”, trouxe a importância de resgatar a língua indígena e adoção de práticas que assegurem a transferência do conhecimento de geração para geração. No entanto, segundo ela, “sem políticas linguísticas sérias, não conseguiremos avançar visto o histórico da colonização”. E complementa que “o importante, é o domínio da língua materna e que o conhecimento tradicional seja entregue às crianças pelas mãos dos professores”.
  • Silvia Bourroul traz uma perspectiva sobre conservação a partir da valorização das comunidades ribeirinhas – uma população heterogênea e que vem ganhando novos entrantes por questões econômicas. E reforça a necessidade de envolvimento de toda a comunidade no processo de educação das crianças e jovens como um dos pilares da agenda de valorização da vida e cultura pantaneira. Para ela é importante “que assim como no ambiente urbano, as famílias participem da agenda escolar dos alunos”.
  • Luciana Leite da Chalana Esperança, complementa com o debate com a importância da formação de multiplicadores para educação no Pantanal visando o ecoletramento de crianças e adultos e reconectar crianças e adultos com a natureza. Para ela, “a gente vive de extinção da experiência, na qual os contatos com a natureza estão se tornando cada vez mais raros”.
  • Luzia Nunes Mamoré, educadora dos Escolas Pantaneiras encerra a sessão de diálogos e experiências com uma reflexão de que “acreditar é uma força que não vem só da gente. Como professora, passei por vários núcleos e aprendi muito na força pantaneira. Como educadora, o desafio é fazer a educação que a gente acredita”.