Pontes Pantaneiras

Pecuária Sustentável – Experiências e Potencialidades

O segundo debate do Fórum Pontes Pantaneiras dedicou-se a trazer o papel importante da cultura da pecuária sustentável pelos povos pantaneiros. Estiveram na mesa-redonda Marcos Carvalho, da FAMATO; e Ana Paula Felício, da Aliança 5P.

Mediado por Walfrido Tomas, da Embrapa Pantanal, a mesa abre com dados das propriedades rurais que ocupam cerca de 93% da área do bioma, exercendo a atividade econômica com maior potencial seja para beneficiar ou causar impactos negativos aos ecossistemas.

  • Segundo Walfrido, o uso pecuário, feito dentro de critérios ajustados, “favorece a diversidade biológica e a manutenção de serviços ecossistêmicos. Para ele, “os proprietários rurais que conservam, prestam um serviço essencial à sociedade brasileira ao cuidarem e manterem o que é considerado um Patrimônio Nacional”.
  • Ele defende que é necessário como parte do trabalho de valorização, criação de mecanismos de recompensas, seja mapeando e quantificando o capital natural, além de políticas de crédito pautados pela sustentabilidade, por exemplo.
  • O foco é construir uma estratégia consistente para valorização da pecuária sustentável ouvindo primeiro os pantaneiros para reconhecê-los como protagonistas fundamentais do processo. 
  • Para isso, são necessárias a formação de redes de propriedades voltadas para sustentabilidade, favorecendo o estabelecimento de governanças locais, troca de experiências e construção de agendas comuns entre os tomadores de decisão
  • Ana Paula Felício, Secretaria Executiva da Aliança 5P, defende que “a união para atender um mercado mais exigente e preocupado com o que consome é fundamental. Assim como a necessidade de valorização de homens e mulheres que vivem no Pantanal”. Avalia que também é importante o papel da Casa Legislativa “para chegarmos a um denominador comum. Não há distinção entre o econômico e ambiental. Precisamos fazer a nossa parte para que tudo dê certo”.
  • Marcos Carvalho da FAMATO, à frente da Fazenda Pantaneira Sustentável, projeto que está presente em cinco municípios, 15 propriedades com 96,5 mil hectares e 53,3 mil cabeças de gado, traz como desafio de uma das frentes trabalhadas pela iniciativa a comprovação do serviço ambiental que a pecuária de corte exerce no Pantanal. Segundo ele, a cada 10 propriedades, são necessários R$ 3 milhões por ano para garantir os serviços técnicos necessários para o pleno funcionamento de toda a cadeia.

Perspectivas para expandir o uso sustentável de forma escalável

  • Para Ana Paula “precisamos quebrar os círculos de desconfiança.  Temos que trabalhar juntos para conseguirmos novas oportunidades para os proprietários rurais. Precisamos replicar essas iniciativas para todo o Pantanal. É um bioativo muito importante”. 
  • Marcos defende a necessidade de investimentos para expandir o conhecimento técnico para os pecuaristas pantaneiros. “Temos o know how para fazer assistência técnica do Pantanal. São cinco anos de experiência com processos bem consolidados. Temos 60 propriedades querendo entrar no projeto. O que falta é recurso dada o desafio de levar assistência técnica no Pantanal.”
  • Um dos caminhos para valorização da atividade pecuarista é a criação de um selo de carne sustentável a exemplo de experiências em outras regiões no Brasil, como na região dos Pampas. “Temos discutido um selo para carne sustentável e carne com indicação geográfica no Pantanal”, ressalta Marcos.
  • Sobre a mudança do perfil das propriedades que passam a ser ocupadas por não-pantaneiros, visto por alguns como uma ameaça à conservação, Ana Paula defende que “a pessoa esteja aberta a conhecer a rica natureza. Não é só adquirir uma propriedade aqui. Isso serve para qualquer bioma. São propriedades com muita história. Temos que aprender com o passado e não cometer os mesmos erros.”