Conexão com a terra e identidade pantaneira
O último dia do Fórum iniciou com uma reflexão de Fábio Scarano, Professor da da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre conexões com o território, experiências do presente e relação do homem com o meio onde está inserido. Um dos pontos levantados vai de encontro à necessidade de buscarmos fortalecer de forma genuína a nossa relação social e contato com a natureza. “A gente acha que estamos conectados às coisas, mas estamos alienados das pessoas da natureza. A gente se desumaniza”, finaliza.
Na sequência, Rafael Chiaravalloti, Professor da Universidade de Londres, mediou o painel sobre identidade pantaneira e convidou à mesa Leonida Aires da Silva (Dona Eliana), da Renascer – Associação de Artesãs Barra de São Lourenço; Silvana Derriune da Silva, da tribo indígena Kadiwéu; Valdecir Amorim, da Comunidade negra quilombola Ribeirinha Águas do Miranda; e Armando Lacerda, da Fazenda São Luiz.
O desafio central apresentado pelos painelistas está na preservação da identidade pantaneira com as novas gerações.
- Silvana, da tribo indígena Kadiwéu traz o problema da discriminação sofrida pelo seu povo e necessidade de proteger o bioma para perpetuar as tradições de seus antepassados e afirma que “o jovem Kadiwéu é interessado pela preservação da sua identidade”. Dona Eliana sustenta a visão da indígena e destaca a importância da valorização da identidade. “Nossa relação com o Pantanal é como se nós fossemos uma das árvores… eu luto pelo mato. É lá onde nasci. É lá onde vivo. O Pantanal é minha casa, o meu ambiente”, complementa.
- Valdecir destaca a importância de um evento como o Pontes Pantaneiras. “Quando vi o título do evento… Ponte é isso o que estamos fazendo. Não sabemos o que tem do outro lado. É a construção de um processo envolvendo quilombolas, indígenas, ribeirinhos e fazendeiros”, afirma o professor.
- Silvana também reforça o papel do evento para troca de experiências e iniciativas de conservação pelos povos indígenas. Ela lançou uma iniciativa de criação de um viveiro, que faz parte do projeto Mata Bonita. E destaca que “tem sido uma oportunidade incrível para mim e para meu povo. Aqui temos a oportunidade de compartilhar nossas experiências e preocupações com a conservação, inclusive com outros indígenas”, afirma.